Na última terça-feira, dia 22, mais uma edição do Fórum da Qualidade e Gestão de Pessoas foi realizada, a partir das 19h, no Clube do Comércio. O evento está no seu 28° ano e é uma promoção da Associação Comercial, Industrial e de Serviços (ACI) de Montenegro e Pareci Novo. Durante a noite, os participantes tiveram uma imersão em todo o conhecimento e experiências apresentadas pelos palestrantes Guilherme Nogueira, Juliano Pereira e Jéferson Cappellari.

“O evento é uma oportunidade para todos nós que estamos aqui em busca de conhecimento. E um exercício importante é tentarmos nos enxergar dentro das experiências apresentadas durante as palestras e entender como esse aprendizado pode ser aplicado em nossas vidas”, enfatizou o presidente da ACI, João Batista Dias, em sua fala de abertura.

A empatia como força motriz das interações corporativas

O primeiro palestrante da noite, Guilherme Nogueira, abordou a temática “Neurociência e Liderança”. Guilherme é doutor em Neurociência do Envelhecimento, professor de neurociência em cursos de pós-graduação, fundador e coordenador do Grupo de Estudos dos Aspectos Neuroafetivos do Comportamento e da Aprendizagem.

Entre os tópicos abordados durante sua apresentação, o especialista explicou sobre como, dentro da neurociência, os processos biológicos e sociais são indissociáveis e ajudam a delinear as relações, também entre líderes e liderados. “Nenhuma área cerebral é uma “ilha”. O funcionamento do cérebro se dá numa “trama” de relações interdependentes e complementares”, apresentou.

Dentro desta compreensão, de que os fatores orgânicos, como a produção do hormônio ocitocina pelo cérebro em resposta a diferentes estímulos sociais como contato visual e interações verbais positivas, fortalecem os vínculos afetivos e a confiança, Guilherme destacou a importância de gestores pensarem no bem-estar dos colaboradores.

O especialista ainda explicou sobre a fadiga cognitiva, que também é influenciada por fatores como ambientes em que o indivíduo está inserido, como o corporativo, que envolvam demandas mentais elevadas, tem efeitos no funcionamento social, na criatividade, na sugestibilidade e na tomada de decisões. “A ocitocina é a ponte mais notável entre o funcionamento e o comportamento social. Então o bom líder busca desenvolver o estreitamento do laço afetivo, motivando, com foco no controle de estresse, a partir de sua figura de apoio, e estimulando as competências. Inclusive, novos estudos apontam que líderes que se preocupam mais com o funcionamento do “outro”, empaticamente, conseguem maior performance em equipe. E este exercício aumenta nossa atenção às pessoas. Então, é preciso observar mais”, pontua.

Liderança inspiradora: a trajetória da Vibra Agroindustrial

O case local, Prata da Casa, do 28º Fórum da Qualidade e Gestão de Pessoas foi a Vibra Agroindustrial S/A, com a palestra “Transformando negócios e cultura através da liderança” ministrada pelo seu Diretor de Gestão de Pessoas, Juliano Pereira. Juliano contou sobre a história da Vibra, que iniciou os trabalhos em 1968, tornando-se posteriormente a Frangosul. Após um período de pausa, a empresa retornou às atividades em 2009 como Agrogen, sendo atualmente a 5ª maior produtora de frangos do mundo, presente em mais de 60 países. “Contamos com 5.776 colaboradores, em sua maioria mulheres. E 12% desse total é composto por estrangeiros de 18 nacionalidades, principalmente a contratação de venezuelanos e haitianos, através de uma parceria que firmamos com o Governo Federal. Então essa diversidade nos orgulha muito”, relata Juliano.

Para o diretor, o fracasso ou o sucesso de um negócio e sua reputação no mercado tem a liderança como fator determinante. “Trago como exemplo a Meslla, que dominava o setor do varejo, mas tinha a gestão dividida entre muitas pessoas e faliu nos anos dois mil. Em contraponto, referencio a Ball Corporation, gigante do setor de alumínio, com liderança ambidestra, que teve desde o início das atividades conhecimento sobre o seu produto, continuou a crescer e a diversificar suas operações. Começou como uma empresa familiar pequena de produção de frascos e hoje é uma grande fornecedora de embalagens metálicas para bebidas, alimentos e serviços aeroespaciais. E esse é o segredo, não se ater aos velhos hábitos e estar sempre atento às oportunidades”, ressalta.

“Dentro disso, vejo a liderança com um poder incrível de disrupção para integração de novas estratégias eficazes. Apesar disso, o grande desafio aqui é conseguir integrar inovação, liderança e pessoas dentro de uma mesma estrutura. Na Vibra, desenvolvemos várias competências para impulsionar o sucesso, através do direcionamento sobre o propósito da empresa, da capacidade de desenvolver líderes, da flexibilidade cognitiva, ouvindo nossos colaboradores e instigando sua motivação”, pontua.

A importância da Comunicação Não Violenta no contexto das relações humanas

A última temática abordada na noite foi “Desvendando o Poder do Autoconhecimento e a Gestão Emocional. Desperte o seu potencial Interior!”, conduzida por Jéferson Cappellari, especialista em Gestão de Pessoas, facilitador em Comunicação Não Violenta, autor e escritor do livro o ABC DO GIRAFÊS e idealizador do Projeto Oca da Paz.

Com dinâmicas envolventes, ele explicou ao público sobre a relação da linguagem com os processos emocionais e a psicoesfera (atmosfera psíquica) das relações. “Nós carregamos padrões de agressividade, raiva e analfabetismo emocional, porque não aprendemos a lidar com as emoções. Fomos ensinados de que para expressar o que nos incomoda, é preciso ser violento. E o aprendizado de identificar, gerenciar e mudar nossos comportamentos, de sermos gratos, requer empenho constante. Isso porque a Comunicação Violenta tem 10 mil anos de prática; então é como se estivéssemos nadando contrários à maré. Mas a inteligência emocional auxilia na mediação dos conflitos e na compreensão de que os sentimentos são, na verdade, mensageiros”, defende.